Anda em mim, soturnamente,
Uma tristeza ociosa
Sem objetivo, latente,
Uma tristeza ociosa
Sem objetivo, latente,
Vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
Ondula, vagueia, oscila
E sobe em nuvens de fumo
E na minh'alma se asila.
Ondula, vagueia, oscila
E sobe em nuvens de fumo
E na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
Fico nela meditando
E meditando, por tudo
E em toda a parte sonhando.
Fico nela meditando
E meditando, por tudo
E em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
De não sei quando nem como...
De não sei quando nem como...
Flor mortal, que dentro esconde
Sementes de um mago pomo.
Sementes de um mago pomo.
Dessas tristezas incertas,
Esparsas, indefinidas...
Esparsas, indefinidas...
Como almas vagas, desertas
No rumo eterno das vidas.
No rumo eterno das vidas.
Tristeza de outros espaços,
De outros céus, de outras esferas,
De outros límpidos abraços,
De outras castas primaveras.
De outros céus, de outras esferas,
De outros límpidos abraços,
De outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
Com volúpias tão sombrias
Que as nossas almas alagam
De estranhas melancolias.
Com volúpias tão sombrias
Que as nossas almas alagam
De estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
Sem origens prolongadas,
Sem saudades deste mundo,
Sem noites, sem alvoradas.
Sem origens prolongadas,
Sem saudades deste mundo,
Sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
E acabam na Realidade,
Através do mar tristonho
Desta absurda Imensidade.
E acabam na Realidade,
Através do mar tristonho
Desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indizível,
Abstrata, como se fosse
A grande alma do Sensível
Magoada, mística, doce.
Abstrata, como se fosse
A grande alma do Sensível
Magoada, mística, doce.
Ah! tristeza imponderável,
Abismo, mistério aflito,
Torturante, formidável...
Abismo, mistério aflito,
Torturante, formidável...
Ah! tristeza do Infinito!
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