segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Soneto LXVI

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Talvez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.

Pablo Neruda

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Namorado

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabira, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio, e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, dois amantes e um esposo; mesmo assim pode não ter nenhum namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche da padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade, ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de curar.
Não tem namorado quem não sabe dar o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora que passa o filme, da flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque, lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada, de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia, ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele; abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança e a do amado e vai com ela a parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não se chateia com o fato de seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar, quem namora sem brincar, quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. 
Não tem namorado que confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando 200Kg de grilos e de medos. Ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesma e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenção de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteio.
Se você não tem namorado é porque não enlouqueceu aquele pouquinho necessário para fazer a vida parar e, de repente, parecer que faz sentido.

Atribuído a Carlos Drummond de Andrade,
mas é de Artur da Távola

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Plena mulher


Plena mulher, maçã carnal, lua quente,
espesso aroma de algas, lodo e luz pisados,
que obscura claridade se abre entre tuas colunas?

Que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, com ar opresso e bruscas tempestades de farinha: amar é um combate de relâmpagos e dois corpos por um só mel derrotados.
Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito,
tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, e o fogo genital transformado em delícia corre pelos tênues caminhos do sangue
até precipitar-se como um cravo noturno,
até ser e não ser senão na sombra de um raio.


Pablo Neruda




domingo, 2 de outubro de 2011

Serenata

Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha. 
Há uma doce luz no silêncio,
e a dor é de origem divina.

Permita que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo

Cecíla meireles

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Sinto muito

Saudade dói, machuca a gente...
Sinto falta de tudo que sonhei
E decepções que causei
Sinto pela falta de cumplicidade
E de tão pouca amizade
Sinto por tanto ressentimento
Quando queria acalento
Sinto por tudo que acabou
E por nada que sobrou
Sinto pelo tempo disperdiçado
Pelo corações enganados
Pelo espaço não respeitado
Sinto saudade do que não aconteceu
Sinto saudade do amor mais sincero
Que você não me deu...
Eu sinto, sinto e muito

Agnes

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cruz e Souza

Anda em mim, soturnamente,
Uma tristeza ociosa
Sem objetivo, latente,
Vaga, indecisa, medrosa.
Como ave torva e sem rumo,
Ondula, vagueia, oscila
E sobe em nuvens de fumo
E na minh'alma se asila.
Uma tristeza que eu, mudo,
Fico nela meditando
E meditando, por tudo
E em toda a parte sonhando.
Tristeza de não sei donde,
De não sei quando nem como...
Flor mortal, que dentro esconde
Sementes de um mago pomo.
Dessas tristezas incertas,
Esparsas, indefinidas...
Como almas vagas, desertas
No rumo eterno das vidas.
Tristeza sem causa forte,
Diversa de outras tristezas,
Nem da vida nem da morte
Gerada nas correntezas...
Tristeza de outros espaços,
De outros céus, de outras esferas,
De outros límpidos abraços,
De outras castas primaveras.
Dessas tristezas que vagam
Com volúpias tão sombrias
Que as nossas almas alagam
De estranhas melancolias.
Dessas tristezas sem fundo,
Sem origens prolongadas,
Sem saudades deste mundo,
Sem noites, sem alvoradas.
Que principiam no sonho
E acabam na Realidade,
Através do mar tristonho
Desta absurda Imensidade.
Certa tristeza indizível,
Abstrata, como se fosse
A grande alma do Sensível
Magoada, mística, doce.
Ah! tristeza imponderável,
Abismo, mistério aflito,
Torturante, formidável...
Ah! tristeza do Infinito!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Amar

"O verbo amar é difícil de conjugar;
o seu passado nunca é simples,
o seu presente é apenas indicativo
e o seu futuro é sempre condicional."*

(Jean Cocteau)

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

(Carlos Drummond de Andrade)

terça-feira, 19 de julho de 2011

A sombra da solidão

Está nas livrarias, em uma linda edição de capa azul com formato de envelope, o livro Carta a D., do filósofo francês André Gorz. O primeiro parágrafo diz mais ou menos assim: você está com oitenta e tantos anos, pesa 45 quilos, tem 4 centímetros a menos do que tinha quando eu a conheci e eu ainda amo você desesperadamente.

Li essas linhas de pé na livraria e fiquei instantaneamente comovido. Quem não ficaria?

Gorz celebra neste livro o amor de 66 anos por sua mulher, Dorine. O romance dos dois aconteceu durante um período (e em meio a um grupo de pessoas) que não ficou marcado pelo conservadorismo afetivo e sexual.

Um exemplo: o filósofo Jean Paul Sartre, de quem Gorz era discípulo, manteve uma relação de toda a vida com a escritora Simone de Beauvoir, ao mesmo tempo em que ambos cultivavam múltiplos amantes. Eram leais um ao outro, mas profundamente libertinos.

Gorz, do contrário, suicidou-se junto com a mulher em setembro de 2007, deixando na porta da casa deles um bilhete para que se chamasse a polícia.

Foram somente os dois, até o fim , como na crônica de Vinícius de Moraes: "gostaria que morrêssemos juntos e fôssemos enterrados de mãos dadas, e nossos olhos indecomponíveis ficassem para sempre abertos, mirando muito além das estrelas".

Logo Vinícius, que parecia incapaz de amar uma mesma mulher por mais do que alguns meses.

Quando olho em volta, quando ouço meus amigos e amigas se queixando, tenho impressão de que somos muito mais parecidos com Vinícius do que com Gorz.

Nossos amores não duram, nossos romances se sucedem, as rupturas nos atordoam e machucam, mas se repetem, inexoravelmente.

Habitamos um mundo de ansiedade e busca permanentes, interrompidas de quando em vez por pequenas tréguas reparadoras, mas breves.

Depois de rirmos do casamento vitalício de nossos pais e avós, parecemos condenados a sofrer do mal inverso: a sombra da solidão constante, a intranquilidade como regra, a incapacidade de manter relações duradouras.

Por quê?

Em primeiro lugar, porque esperamos demais da vida, sobretudo das relações afetivas.

Queremos tudo. O prazer, o amor, a troca inteligente e os planos de longo prazo. Queremos a segurança e a sensação de aventura no mesmo pacote. O melhor sexo e mais resoluta fidelidade. Suspeito que desaprendemos a arte de viver com menos do que se deseja. Esquecemos como é esperar e suportar. É tudo agora. É tudo ou nada. E tem sido nada para muitos.

Claro, somos enormemente egoístas se comparados às gerações anteriores.

Quando se trata de amor, nossa satisfação vem antes de qualquer outra coisa: a família, os filhos, os sentimentos daqueles que se envolvem conosco. O direito à felicidade se impõe sobre tudo mais. Ele é talvez o principal objetivo da maior parte da humanidade: ser feliz. Mas quem sabe o que isso significa nos dias que correm?

Não sei de vocês, mas eu estou cercado de pessoas que se queixam da vida afetiva. Há uma amiga que não consegue se livrar de um cara meio traste e está adoecendo de inquietação. Eu disse pra ela outro dia: amor não é crack, não pode ser um vício tão destrutivo. Mas às vezes é.

Outra amiga casou pela segunda vez com um sujeito que parecia perfeito, mas que ela não amava. Deu errado. Ela sofre pra burro, suponho que o rapaz também. Me disse a amiga outro dia: os homens legais estão casados ou namorando. Por que todos têm essa sensação se tantos estão sozinhos?

Ontem falei com uma ex-namorada que ama um homem casado. Há dois anos se relaciona com ele, entre crises terríveis de raiva e vergonha de si mesmo. Ontem ela me disse que acabou. A ver.

Há o amigo que tenta há semanas namorar uma moça que não quer namorar – e sofre. Eu digo a ele que relaxe, aproveite assim como está, descompromissado, mas ele – como qualquer bípede na Terra – precisa se sentir amado, não gentilmente esnobado. Pode acabar terminando o que nunca começou.

O que fazer com essa multidão sem par?

Eu não sei. Minha analista não sabe. Os meus amigos não fazem ideia. Não dá pra fechar a caixa de pandora das nossas aspirações, mas não podemos ser sufocadas por elas.

Eu sugiro tentar e tentar e tentar ainda outra vez. Sobretudo, tentar fazer diferente: com outro tipo de pessoa, com outro tipo de abordagem, com mais paciência, com menos pressa, com mais atenção no outro (que é sempre um exercício delicioso).

Não é possível que neste mundo imenso não haja alguém que complemente (ainda que temporariamente) cada um de nós, bípedes afetuosos e (potencialmente) felizes.

(IVAN MARTINS editor-executivo de ÉPOCA)

domingo, 19 de junho de 2011

Para entender os outros

Viver é complicado? É, um pouco. E como tornar a vida mais fácil? Entre outras coisas, aprendendo que todos nós temos um código e, quando passamos a conhecer o nosso, e o dos outros, tudo fica mais suave. Dentro da família podemos ter mãe, pai, dois irmãos, três tias, cinco primas, marido, filhos... É preciso entender o idioma de cada um para não viver num planeta em que cada pessoa fala uma língua diferente. Sabe quando você ouve no telefone a frase “então te ligo; quem sabe a gente vai jantar?”. Pois isso talvez queira dizer várias coisas: pode ser apenas uma desculpa para desligar o telefone, pois o assunto não está interessando; pode ser que a pessoa esteja esperando uma ligação e não queira ocupar a linha; pode ser que tenha começado o telejornal, e mais 300 razões diferentes, algumas inimagináveis. Os horários, por exemplo: um encontro marcado para nove da noite pode significar nove e meia; entre dez e meia e onze; e em alguns casos até nove horas mesmo. Agora, se você conseguir decodificar o idioma da pessoa, não vai se irritar de ficar esperando duas horas, porque já sabe que, quando ela diz nove, está querendo dizer onze, certo? São essas filigranas que desgastam a relação e você deve fazer todos os esforços para evitar que isso aconteça.
Um capítulo sujeito a muitos mal-entendidos é o do amor. Quando um homem diz “eu te amo”, é possível traduzir isso de umas 500 maneiras, só que as mulheres costumam ouvir sempre da mesma. A mais frequente é ele dizer um “eu te amo” e ela ouvir um “quero me casar com você”, sendo que a maior parte das vezes ele diz “eu te amo” querendo dizer “quero transar com você”. Complicado? Nem tanto; apenas uma questão de tradução. Essa declaração de amor pode também querer dizer que ele está te amando profundamente naquele momento, e não que esteja propondo fundar um lar. E dependendo de quantos copos de vinho ele tiver tomado, da luz e da música que estiver tocando, pode até pintar uma proposta de morarem juntos, o que não quer dizer que você deva levar ao pé da letra. E é melhor mesmo que não leve. Mas as mulheres adoram ser pedidas em casamento, e a qualquer sinal de vitória – porque é uma vitória – passam a amarrar a coisa. Costumam começar com um “na sua casa ou na minha?” e, dependendo, mais uma vez, de estarem na segunda ou terceira garrafa de vinho, dali meia hora ela já está falando na decoração, se vão usar o mesmo computador ou se é melhor cada um ter o seu. Quanto a ele – todos sabem que o álcool provoca amnésia, principalmente no homem. Ele sai todo lampeiro, volta para seu adorado espaço, a coisa mais preciosa que acha que tem, e vai ficar surpreso quando telefonar na quarta-feira perguntando “vamos pegar um cineminha?”, e ela atender de mau humor. Se um dia homem e mulher falarem a mesma língua podem começar a se entender. Mas nem todas as coisas têm de ser traduzidas, porque aí pode ficar tudo tão sem graça que o amor desapareça da face da Terra.

Danuza Leão

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Entrada

Ingredientes:

2 tomates
400g de berinjela
200g de mozarela de búfala
Azeite e sal a gosto
100ml de aceto balsâmico
2 dentes de alho
Mangericão, cebolinha...

Preparo:

Corte as berinjelas e polvilhe com sal, deixe descansar. Em seguida lave e seque-as, passe no azeite e grelhe dos dois lados. Corte os tomates e a mozarela em cubos, disponha em cima das  fatias de berinjelas grelhadas.
Numa panela aqueça o azeite frite o alho ralado, coloque o aceto balsâmico e ferva até reduzir pela metade, o molho tá pronto pra regar a entrada.
Muito bom!

Rösti

É uma receita tradicional da culinária suíça, servida no formato de uma panqueca, consiste de batata pré cozida ralada e frita com recheio de cebola, queijo, legumes, bacon, champignon, ervas, tomate, ou o que queira.

Ingredientes:
Batatas (uma batata por pessoa)
Sal e tempero a gosto
Recheio da sua preferência

Preparo:
Cozinhe as batatas inteiras com casca por uns 8 minutos, até que estejam ainda firmes no centro. Resfrie-as na geladeira. Retire a casca, rale no orifício mais grosso do ralador e reserve. Tempere com sal, pimenta, nós moscada.

Numa frigideira antiaderente, aqueça um filete de óleo e coloque uma porção de batata ralada, o recheio (coloquei queijo, cebolinha e bacon) e a outra porção de batata ralada, frite as “panquecas” até dourá-las, endireitando as bordas e amassando para que fiquem levemente achatadas.

Acompanha bem com uma salada verde e carnes.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Recomeço


“Lembrando que sempre há uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor, uma nova força. Para todo fim, um recomeço.”

(Saint-Exupéry)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Minha idade

A idade não está nos anos vividos
Está nos momentos inesquecidos
Não depende da ruga, nem da estria
Depende do dia, do humor, da fantasia

Tem dias que sou uma criança mimada
Querendo colo, atenção e mais nada
Ou uma adolescente destrambelhada
Sonhadora, com graça e apaixonada

Posso ser mulher madura, segura de si
Responsável, interessante e sem frescura
Em outros dias sou uma velha rabugenta
Reclamando de tudo e ninguém me aguenta

De ninfeta a macróbia, até uma morta
Se tenho 41 ou 82 anos, não importa
Posso ter a idade que eu quiser
Num estalar de dedos que eu der

Agnes

terça-feira, 24 de maio de 2011

Arte diz

[Salvador Dali]
As horas se derretem no tempo
Viram pó, esquecimento...



[Amedeo Modigliani]
Estar nú é ser você mesmo
Sem roupa, sem medo
Uma forma de expressão
Te agrade ou não...

domingo, 22 de maio de 2011

Mente

[La Bocca della Verità]

Mente quem diz que não mente
Basicamente pra enganar, dissimular, ocultar
Pra se defender e evitar desentendimentos
Pra esconder defeitos e pra sermos aceitos 
Mentir para sermos o que não somos
A imperfeição é inerente ao ser humano
Que até inconcientemente mente
Mas a culpa pesa na mente. Evidente!
Tem gente que mente descaradamente
Francamente! Não passa de um demente
A confiança não se recupera facilmente
A mentira, uma verdade dormente
Injustificavelmente, se mente
So-mente

Agnes

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Segredo

 ...E é preciso saber falar. Há certas falas que são um estupro. Somente sabem falar os que sabem fazer silêncio e ouvir. E, sobretudo, os que se dedicam à difícil arte de adivinhar: adivinhar os mundos adormecidos que habitam os vazios do outro.
(Rubem Alves)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Carência

Quero colo, quero logo um cafuné
No topo do meu ego ao dedão do pé
Preciso de atenção, de carinho, de afeto
Preciso da mão, de beijinho e de um teto

Não gosto de prosa, mas de poesia
Menos fala, mais ritmo e harmonia
Gosto de surpresas na cama e na mesa
Quero flores, riso, quero mais cores
Quero cheiro, quero música e sabores
Qualquer coisa que me faça sentir
Pouca coisa pra não fazer desistir

Agnes

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Henry and June

Um drama erótico baseado nos diários de Anaïs Nin, conta como ela conheceu o escritor Henry Miller e sua mulher June. Anaïs é casada com um bancário, mas sexualmente insatisfeita, apaixonou-se pela beleza de June, pelo amor que Henry a tinha e sentia uma grande admiração por ele, dando inicio a um triângulo, quadrado, pentágono... amoroso. Se envolvendo em outras experiências amorosas, numa busca de prazer e descoberta interior. Anais e Henry além de amantes escrevem juntos o livro "Trópico de Câncer" publicado em 1934 ficou proibido até 1961, é um dos livros que estou lendo no momento.
O filme termina com Anais voltando pra casa com o marido Hugo e dizendo:

"Naquela manhã... chorei porque o processo do qual me tornei mulher foi doloroso, chorei porque de agora em diante choraria menos, chorei porque perdi a minha dor e ainda não me acostumei ..."




Henry Miller foi um escritor norte-americano acusado de pornografia e abscenidade os seus livros podem ser lidos hoje em dia sem as lentes do preconceito, tirando algumas mentes retrogradas.
Seu estilo é caracterizado pela mistura de autobiografia com ficção. Muitas vezes lembrado como escritor pornográfico. Henry Miller tornou-se um clássico quando publicou a trilogia "Sexus, Plexus, Nexus", que ele chamou "A Crucificação Encarnada". Como nos outros livros, esses romances narram trechos de sua própria vida, embora ele negasse.
Um filme com muitas cenas de sexo, mostrando o processo de amadurecimento de Anais, um filme que gostei e recomendo. Preparem as pipocas!

Pra quem quiser baixar e assistir aqui vai o link:
http://www.fileserve.com/file/sx2dcUj

domingo, 15 de maio de 2011

Intimidade

No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante,
Na vibração da nota mais discreta,
No búzio mais convolto e ressoante,

Na camada mais densa da pintura,
Na veia que no corpo mais nos sonde,
Na palavra que diga mais brandura,
Na raiz que mais desce, mais esconde,

No silêncio mais fundo desta pausa,
Em que a vida se fez perenidade,
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.

José  Saramago

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Tacos mexicanos


Taco é uma comida típica da culinária mexicana, consistindo em uma tortilla à base de milho que pode ser recheada de chili com carne (frango, carne bovina ou de porco), queijo, guacamole, alface e às vezes tomate. Come-se com as mãos, como um sanduiche. Acrescentando a Salsa por cima, um molho picante a base de tomate e pimenta.
Eu tenho que confessar que compro os tacos, a salsa, e alguns ingredientes semi pronto, faço a guacamole e a carne com tempero próprio e só monto os tacos. Vapt vupt!

Muita água gelada pra apagar o fogo, porque vai esquentar... rss

terça-feira, 10 de maio de 2011

Introspecção

Não me prendo a nada que me prenda
Que me sufoque e que não me entenda
Feito areia escapo pelos vãos das mãos


Não me questione sobre meus atos
Pois  nem eu sei porque os faço
Despindo sentimentos confusos
De volta ao meu casulo escuro


Aparo as arestas que me restam
Me recuo do perigo, me abrigo
Introspectiva eu sigo comigo.


Agnes

Três macaquinhos


Os macaquinhos, conhecidos como 'Três Macacos Sábios', ilustram a porta do Estábulo Sagrado, num templo do século 17 localizado na cidade de Nikko, no Japão. Sua origem é baseada em um trocadilho japonês. Seus nomes são 'mizaru' (o que cobre os olhos), 'kikazaru' (o que tapa os ouvidos) e 'iwazaru' (o que tampa a boca), que na língua é traduzido como 'não veja o mal', 'não ouça o mal' e 'não fale o mal'. A palavra 'saru', em japonês, significa 'macaco' e tem o mesmo som de negação nessa terminação 'zaru'.
O folclore japonês diz que a imagem dos macacos foi trazida por um monge budista chinês, no século 8. Apesar disso, não há comprovação dessa suposição.

Isso pode ser aplicado no dia-dia, tem muitas coisas que é melhor não ver, não ouvir e não percamos tempo falando sobre coisas inúteis. Em certos casos, ignorar pode ser a melhor solução.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Poema enjoadinho

(Gustav Klimt- mãe e filho)

Filhos . . . Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete . . .
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos? Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los . . .
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem xampu
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Dia das crianças

Dia 5 de maio, feriado nacional é comemorado o dia das crianças, mais especificamente dia dos meninos no Japão. Hasteando o Koinobori que consiste num enfeite de carpas que simbolizam força, persistência, bravura, sucesso e obstinação. O Koinobori é erguido no lado de fora da casa, a uma altura acima da linha do telhado. A carpa preta representa o pai, a carpa vermelha o primogênito, o segundo é a carpa azul, o terceiro a verde...



Sushi e família reunida pra comemorar.


Livros e flores

Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

Machado de Assis

terça-feira, 3 de maio de 2011

Metro e Centímetros

Das coisas
que eu fiz a metro
todos saberão
quantos quilômetros
são

Aquelas
em centímetros
sentimentos mínimos
ímpetos infinitos
não?

Paulo Leminski

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Scones

"Tea time"
Pra combinar com a ocasião

Típico da Inglaterra, de origem escocesa e irlandesa, fácil e rápido de fazer, o scone se parece com uma broinha, tem uma textura levemente crocante por fora e macio por dentro, o formato é meio grotesco, pode ser arredondado ou triangular, ideal para o chá da tarde, servido com uma boa geléia. Um British tea legítimo não pode faltar pra completar o clima e sabor de realeza. Pode ser adocicados ou salgados, variando com passas, gotas de chocolate, queijo, presunto, abóbora, etc...

Ingredientes:
300g de farinha de trigo (pode ser farinha integral)
2 colheres de fermento químico
80cc de leite
80g de manteiga
1 colher de açúcar (opcional)
1 ovo

Preparo:
Peneirar a farinha de trigo e o fermento.
Esmigalhar a manteiga na farinha peneirada e misturar.
Acrescentar o leite, ovo e açúcar, amassar até virar uma massa homogênea.
Fazer bolinhas achatadas ou cortar a massa triangular, pincelar com gema e assar por 13~15 minutos à 200 graus.




Grande parte do chá preto consumido é produzido na Índia. Entre os mais conhecidos estão o Assam, Ceilão, Darjeeling, Keemun, o tradicional Earl Grey e English Breakfast (blend tea) ... pode ser tomado com ou sem leite, adoçado, ou puro.

O uso do chá na Inglaterra é atribuído a Catarina de Bragança, princesa portuguesa que casou com Carlos II da Inglaterra. O chá era bebido em cafés e seu consumo foi crescendo desde o final do século XVII, sendo que era bebido a qualquer hora do dia até o início do século XIX, quando a tradição chá da tarde ("five o'clock tea") foi instituída pela sétima Duquesa de Bedford em Londres.

Have a nice time!

terça-feira, 26 de abril de 2011

Os Três Crivos

"Na luta, morre-se de cicuta!" - Sócrates

As Três Peneiras de Sócrates
Augustus foi ao encontro de Sócrates levando ao filósofo uma informação que julgava de seu interesse:
- Quero contar-te uma coisa a respeito de um amigo teu!
- Espera um momento – disse Sócrates – Antes de contar-me, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.
- Três peneiras? Que queres dizer?
- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Devemos sempre usar as três peneiras. Se não as conheces, presta bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?
- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade.
- A segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?
Envergonhado, o homem respondeu:
- Devo confessar que não.
- A terceira peneira é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?
- Útil? Na verdade, não.
- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom, nem útil, então esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que de nada valem casos sem edificação para nós, melhor que o guardes apenas para ti.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Conto da Carochinha


Era uma vez... numa terra muito distante vivia uma princesa em seu castelo de areia, cheia de afazeres e obrigações, carregava no peito um coração carente e sonhava com seu príncipe encantado. Vendo a vida passar e cansada de esperar, num belo dia ela resolveu procurá-lo colocando um anúncio" Procura-se um príncipe!" com o nick de Beija-flor, foram muitos os candidatos, todos os dias dezenas e dezenas de emails, uns novinhos demais, outros já passadinhos, uns bonitinhos, outros feinhos, uns moravam longe, uns românticos, outros uns brutamontes, levou alguns dias para a seleção e o escolhido foi o mais fortão, um lindo italiano saradão, com barriga de tanquinho e  músculos de montão. Parecia-lhe um touro. Outros apareceram, mas o coração dela andava cansado de voar de flor em flor sem encontrar seu amor. Dentre todos os outros pretendentes, um sapo chamado Renato insistente, pareceu-lhe muito amigo, era só sorrisos, tornou-se muito presente, o seu melhor confidente, sem mostrar o rosto, se gabou do documento, tentou impressionar a sua lindinha Beija-flor, a todo momento, ele a tratava feito uma rainha. Ela gostava do seu carinho, mas nenhuma atração física sentia, ela não mentia. Ele se escondia atrás de longas madeixas e uma barba mal feita pra esconder sua baixa auto-estima anfibiana. Depois de meses de cumplicidade e cada vez mais apaixonado o sapo Renato veio ao grande encontro, se olharam, se tocaram, ele não escondia sua ansiedade e felicidade, num frisson de emoção, o coração pulando, o chão não alcançando mais os pés, sentaram para tomar um café, ele trémulo deixou o açucar cair no pé. Conversaram, cantaram Sampa mascando um chiclé, e ao jogar ele juntou os dois gomos e fizeram um pacto, ele amassou, apertou bem até se fundirem e disse: " assim como esse chiclete agora está, nós nunca vamos nos separar" Quando tentar separar um, o outro pedaço vai junto e a partir de então começou a terrível maldição. Condenados pela eternidade eles estavam. O feitiço do sapo naquele momento se quebrou e num belo príncipe ele se transformou. No principe até então sonhado e perdidamente apaixonado, trocaram juras eternas. Deu um trato no visual, arrumou a beca, encheu de charme e coisa e tal, ela se tornou la belle femme, com um brilho todo especial. Viveram por muito tempo num barco de papel furado, oscilando com as ondas, lutando pra não afundar, cresceram juntos, desbravaram um mundo colorido e doído, felizes, brigando, sonhando, aprendendo, sofrendo, chorando, superando, mas prestes a naufragar a qualquer instante, ela de medo queria pular, voltar pro seu castelo de areia em ruínas e lhe dava pontapés no traseiro o tempo inteiro. Cada vez mais o barquinho se distanciava da margem, já em alto mar veio a onda do destino que os separou. Ela não tinha mais como voltar, ficou ali a naufragar, quando um anjo caiu do céu, estendeu lhe a mão e proteção, e por dias lhe fez companhia, naquela sua vida vazia...  assim a bela história da Carochinha acabou. Ela nunca mais voltou a acreditar nos contos da Carochinha e o sapo encontrou um outro Beija-flor, cujas penas e longo bico a antiga amada lhe lembrou, coaxou no seu ouvido doces gemidos e se gabou de ter vivido, e continuou pulando e pulando de um lado pro outro...guebec...guebec...guebec...guebec...guebec...

Tandoori chicken

Esse não é o tradicional tandoori chicken indiano, mas é uma receita bem saborosa.
(receita da revista オレンジページ orange page)

Ingredientes:
600g de coxa e sobrecoxa
de frango desossado
2/3 de iogurte natural
alho e gengibre ralado
3 colheres de Ketchup
1 1/2 de curry em pó
1 colher de suco de limão
1 colher de óleo
1/2 colher de mel
sal e pimenta a gosto
páprica

Preparo: Corte o frango em pedaços médios, misture todos os temperos e deixe marinar por algumas horas, asse de preferência na brasa, é uma ótima opção pra deixar o seu churrasco diferente. O iogurte quebra a ardência do curry, o sabor e o cheiro são marcantes. Acompanha salada verde e batata assada no alumínio. E depois banana assada polvilhada na canela de sobremesa, incenso e uma musiquinha de fundo... hummm, sabor da felicidade.
...Namastê...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Conhece-te a ti mesmo?

No oráculo de Delfos o dito
"Conhece-te a ti mesmo"
Me perco nesse universo infinito
De pensamentos e de escritos

Presa na caverna de Platão
Só vejo sombras na escuridão
Buscando respostas dessa existência
De uma verdade com eloquência

E só acho dúvidas e incoerências
Consciente da minha ignorância
Eu sei que pouco, ou nada sei
Certeza essa eu mesma constatei

Shakespeare por assim dizia:
Há mais mistérios entre o céu e a terra
do que se supõe nossa vã filosofia.
Ser ou não ser, eis a questão

 
Agnes

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Soneto do Amor Total


Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

 

Vinicius de Moraes

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quase

Acreditei que a fé movesse montanhas
Que no amor não existisse barreiras
Que pudesse ter a lua e que as estrelas
só brilhavam pra mim.
Pulei de cabeça, fiquei sem chão
quase sem teto, praticamente na mão
Quase acreditei em destino, em pactos
afinidades, flores e velas, puro desatino.
Vi o soleil se pôr, o amanhecer,
tempestades e sol voltar a brilhar
troca de estações, flores desabrochar
e eu em mulher a me transformar.
A arte nas telas colorindo a vida
A wonderful tonigth, despedida
Vi castelos desmoronar
Semente plantada, secar
Quase acreditei em lágrimas
Em risos, promessas e desafios.
Acreditei na cumplicidade
De uma sincera amizade
Por pouco, fincou raiz
Quase, por um triz


Agnes

Nada

Canção do Sonho Acabado

Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...
Cecília Meireles